sábado, 17 de outubro de 2009

Rodoviária fica sem reforma


TRIBUNA DO BRASIL
15/10/2009
Ed Alves
O coração de Brasília está entregue às baratas
Emanuelle Coelho


Anunciada em janeiro, a tão esperada reforma geral da rodoviária do Plano Piloto foi adiada novamente. Em cumprimento à determinação do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), a Secretaria de Transportes teve que suspender a licitação que prevê a reforma do local. A primeira etapa da concorrência pública - recebimento dos envelopes com habilitação e proposta da Concorrência 3/2009 - estava prevista para acontecer, ontem, mas foi cancelada.
O TCDF informou que após ser elaborado o edital foi feita uma análise técnica na qual foram observadas algumas questões que não seguem os ditames legais, como: o orçamento apresentado, que tem por data-base novembro de 2008;  manifestação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) acerca do projeto; composição detalhada da bonificação de despesas indiretas utilizada no orçamento da licitação; e detalhamento dos custos dos serviços utilizados na elaboração do orçamento da licitação, inclusive dos salários dos profissionais envolvidos na execução dos serviços a serem contratados.
“São correções pequenas e fáceis de serem feitas”, declarou o TCDF, por meio da assessoria de imprensa. A Secretaria de Transportes informou que a Comissão de Licitação fará as alterações solicitadas pelo tribunal. Após aprovação do novo texto, a convocação do edital será republicada. O secretário de Transportes em exercício,Gualter Tavares, explicou que serão explicados ao TCDF todos os itens solicitados e que em relação ao parecer do Iphan a secretaria havia julgado ser desnecessário.
“A reforma não altera as características originais do projeto, mas como o tribunal solicitou o parecer, vamos atender”, especificou. A previsão é de que a licitação aconteça entre 30 a 40 dias. “Como brasiliense, acho que nossa rodoviária é uma parte crítica da cidade, é um local que merece reforma, para dar mais conforto ao usuário”, enfatizou Tavares.
As obras deveriam ter começado em abril deste ano e a previsão era de que durassem  cerca de 18 meses, ficando pronta até o final de 2010. Mas o projeto original teve que ser modificado porque não estavam incluídas as trocas das instalações elétricas nem hidráulicas. A mudança também fez o orçamento da obra quase dobrar: passou de R$ 18 milhões para R$ 26 milhões.
O projeto de reforma da rodoviária prevê nova fachada, novos boxes para os ônibus, mais espaço e conforto para os passageiros, além da troca dos pisos e reforma do teto, pintura, nova iluminação e sinalização,  e reforma dos banheiros. Mas, por enquanto, a grande reforma não deixou de ser projeto. O início das obras ainda não tem data definida e  a promessa da entrega para  21 de abril do ano que vem não poderá mais ser cumprida. A previsão da Secretaria de Transportes para o término da reforma é de junho ou julho do próximo ano.
Rede Globo – Bom Dia DF
15/10/2009
GDF adia reforma da Rodoviária do Plano Piloto mais uma vez
Agora, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) encontrou falhas no processo de licitação.
Quem vem de fora, não espera encontrar a rodoviária da capital federal nesse estado. “Sinceramente, foi um choque. Mas digo que não é preciso ir até Lisboa, pois em Goiânia tem melhor do que isso”, fala Paulo Corte Leal, um turista português.
Mesmo para quem mora na cidade, é difícil se acostumar. Buracos no teto, desgaste no piso, elevador e escada rolante quebrados. As instalações são bem antigas, os banheiros são mal cuidados e faltam baias para os ônibus. Os problemas da rodoviária são tão velhos quanto ela mesma.
“Está igual há 20 anos. Não alterou em nada. É a mesma bagunça”, reclama o auxiliar administrativo Max Altino. “Aqui precisa ser trocado quase tudo. Quando chove muito é uma calamidade”, sugere a auxiliar de enfermagem Maria do Céu. “Está muito apertada. É muita gente para pouco espaço”, acrescenta uma frequentadora.
No começo do ano, a Secretaria de Transportes apresentou um projeto para a reforma, que teria uma nova fachada, novos banheiros, mais boxes para ônibus, espaço e conforto para os 700 mil passageiros que passam pela rodoviária todos os dias. As obras deveriam ter começado em janeiro, mas o projeto original estava incompleto, sem previsão de troca de instalações elétricas e hidráulicas. O orçamento, que era de R$ 18 milhões, passou para R$ 30 milhões e agora fechou em R$ 25 milhões.
A reforma depende da licitação para a escolha de uma empresa que fará as obras. Mas o processo está parado, porque o Tribunal de Contas do DF (TCDF) encontrou falhas. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que cuida do tombamento da cidade, não foi ouvido no processo. Além disso, o orçamento está defasado, o que dificultaria a conclusão da reforma.
O governo informou que já está solucionando as pendências e que a licitação deve ser retomada no mês que vem. As obras começariam até janeiro de 2010, praticamente com um ano de atraso. E ainda não daria para cumprir a promessa de entregar no aniversário de 50 anos da cidade.
“Em função do cronograma de obras, de oito meses, que já é bastante apertado do ponto de vista da engenharia”, justifica o secretário interino de Transportes, Gualter Tavares.
“A gente fica esperando a reforma que vai ajudar o transporte, nossa locomoção, e ela nunca chega”, reclama a estudante Paula Cristine Souza.
Rita Yoshimine / João Raimundo / Márcio Muniz

sábado, 10 de outubro de 2009

Transporte de Vizinhança

Zebrinha circula pela cidade em decadência

Usuários do Serviço Especial de Vizinhança reclamam da situação dos ônibus: sujos, mal conservados e sempre lotados


Raphael Veleda - Correio Braziliense - 10/10/2009

 
Zebrinhas em frente ao ponto de ônibus da 504 Sul: empresas prometem trocar 33 veículos até o fim deste mês na tentativa de melhorar o serviço prestado aos usuários

Elas nasceram como sinônimo de sofisticação no transporte público na década de 1980. Simpáticos, confortáveis e práticos, os Zebrinhas, veículos do Sistema de Serviço Especial de Vizinhança, convidavam o brasiliense a deixar o carro em casa para circular pelo Plano Piloto, pagando uma passagem que era quase o dobro da cobrada pelo ônibus convencional. Hoje o glamour é coisa do passado. Mal conservados, sujos e lotados, os micro-ônibus de câmbio automático e sem cobrador perderam o charme. 

São 93 veículos em circulação pela capital. As empresas responsáveis pelo sistema, Lotaxi e Condor, ambas parte do grupo da Viplan, de Wagner Canhedo Filho, não informam quantos são novos, mas prometem trocar 33 até o fim de outubro. Enquanto isso, boa parte dos zebrinhas circulam “caindo aos pedaços”. 

A reclamação é de um pioneiro de Brasília: o dono de funerária Aldo da Costa Monteiro, 69 anos, que chegou em 1961, 20 anos antes da estreia dos zebrinhas(1) nas ruas da capital. “Era coisa chique. Hoje não, é apenas mais um instrumento para desrespeitar o idoso”, critica ele, que cobra do sistema o cumprimento do Estatuto do Idoso. “Eu reclamei via e-mail com a Secretaria de Transportes, mas eles responderam dizendo que esse é um serviço especial, executivo e que por isso pode ser exceção. Mas eu não vejo mais nenhuma diferença entre eles e os ônibus ou, principalmente, os micro-ônibus que circulam nas outras cidades”, argumenta. “Fazem os mesmos trajetos, andam lotados, com gente em pé e cobram a mesma tarifa. Onde está a diferença?”, questiona o homem, que faz diariamente o trajeto entre sua casa, na Asa Sul, e o trabalho — oito quadras à frente — pelo transporte público. 

Manutenção 
A implicância do padeiro Eduardo Anis Silveira, 40, é com o estado dos veículos antigos, alguns com mais de 10 anos de uso. “O problema é que não fazem a manutenção neles. Olha aqui: tudo pichado, tudo sujo. Já subiu até barata em mim em um desses”, comenta o passageiro da linha 16, que vai da 712 Norte até a Esplanada passando pelo Conjunto Nacional, na qual o Correio embarcou na manhã da última segunda-feira. Eram quase 11h e o ônibus encheu antes do meio da W3 Norte. Na altura do Brasília Shopping, era quase impossível o trânsito dos passageiros, visto que a porta da frente serve de entrada e saída. 

 
Volante remendado: motoristas criticam as condições de trabalho 

A maioria dos ocupantes só desce do veículo no ponto final — onde já há uma fila esperando. “Já houve o tempo em que as pessoas deixavam os ônibus passarem e esperavam os zebrinhas pelo conforto. Hoje é tudo a mesma coisa”, comenta a assessora jurídica Andrea Carlos Alvarenga, 50. O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do DF informou, via assessoria de comunicação, que os veículos são lavados diariamente e passam por uma limpeza profunda nos fins de semana. 

Sem banheiro 
A tristeza com a decadência do serviço contagia os funcionários das empresas. Sem direito a terminais próprios, motoristas e fiscais não têm água para beber nem banheiro para usar na Asa Norte. Lá, o terminal improvisado fica no estacionamento de uma escola na Quadra 412. O fiscal usa uma mesa metálica, daquelas de bar, e os motoristas sentam em latas e pedras. “Uma vez fizemos uma barraquinha de lona, mas a administração mandou desmanchar no outro dia”, afirma o fiscal Josemar José Francisco. “Se chove, temos que correr para debaixo do bloco residencial, mas dia desses o síndico nos proibiu de ficar lá”, lamenta. Os pilotis são considerados áreas públicas, não cabendo aos porteiros, moradores ou síndicos o poder de decidir sobre o direito de ir e vir das pessoas. 

 
Lataria danificada: usuários reclamam da idade da frota em circulação 

Na Asa Sul, entre as quadras 216 e 416, os ônibus ficam parados nas vagas em frente ao Posto Comunitário de Segurança e existe um escritório improvisado na parada de ônibus. “Temos banheiro também aqui do lado, mas é um só. As mulheres, claro, são prejudicadas, ficam constrangidas. Eles têm que parar o ônibus em algum lugar, normalmente em postos de gasolina”, diz o fiscal Eduardo Ferrari. 

Mudanças no sistema, que podem melhorar o serviço para os usuários e as condições de trabalho dos motoristas, são estudadas pelo governo. Para o secretário de Transportes, Alberto Fraga, há um desvio na finalidade dos zebrinhas. “Vamos reformular totalmente o sistema. Queremos que os zebrinhas façam o trabalho que foi imaginado: o transporte de vizinhança”, adianta ele, que não dá prazos, mas já explica o que deve ser feito. “Elas vão parar de competir com os veículos maiores na W3. Vão andar pela W1, pelas quadras e entrequadras. Será um trajeto interno”, afirma. O secretário garante ainda que o serviço não será extinto. 

Microônibus lotado é cada vez mais comum: glamour é coisa do passado 

Uma possibilidade que assusta os admiradores dos zebrinhas. A aposentada Edinéia Bezerra, 72, adotou o transporte em 1981, quando ele foi lançado pelo governo de Aimé Lamaison. “Eu atendi ao chamado do governo. Troquei o carro pelo zebrinha e nunca me arrependi”, lembra ela, que abre mão da gratuidade(2) para andar nos micro-ônibus. “Com certeza o serviço piorou. Mas os motoristas ainda são atenciosos e o zebrinha entra nas quadras; faz coisas que os ônibus grandes não fazem”, comenta. “O que se tem que fazer é incentivar, para que melhore. Acabar, por favor, nunca”, pede. 


1- Pesquisa 
O nome zebrinha se deve às listras características da pintura dos micro-ônibus do Transporte de Vizinhança, pintadas em branco e vermelho — puxando para o laranja. O apelido carinhoso foi dado pela população de Brasília, por meio de uma pesquisa pública na época do lançamento do sistema. 


2- Idosos 
Em seu artigo 39, a Lei nº 10.741/03 garante a quem tem 65 anos ou mais o direito de andar de graça nos transportes públicos urbanos e semi-urbanos, “exceto nos serviços seletivos e especiais prestados paralelamente aos serviços regulares”. É nisso que as empresas e o governo se prendem para garantir a cobrança universal da tarifa no zebrinha. 




Para saber mais - início em 1981
O serviço dos Zebrinhas foi instituído em julho de 1980, pelo então secretário de Serviços Públicos, José Geraldo Maciel, atual chefe da Casa-Civil do GDF. O ex-governador Aimé Lamaison assinou o decreto possibilitando o início da operação no ano seguinte. Na época, a passagem de Zebrinha, lançada como um transporte executivo, custava 40 cruzeiros enquanto a tarifa da TCB era 25 cruzeiros. 
O serviço só é oferecido no Plano Piloto, Aeroporto, Sudoeste e Octogonal de segunda a sexta-feira. Hoje, a tarifa é similar à dos ônibus convencionais, mas quase sempre foi superior, dando ao sistema uma VIP. Atualmente, andar de zebrinha custa R$ 2.

sábado, 3 de outubro de 2009

Licitação em 2008

Vencedora da licitação dos 160 ônibus assina contrato

24/06/2008

Apenas uma das três cooperativas que venceram a licitação para operar os 160 ônibus convencionais que farão parte do Sistema de Transportes Público do DF, assinou, ontem (23/06), contrato de concessão do serviço com a Secretaria de Transportes. A Cooperativa de Transportes Alternativos do Recanto das Emas – Cootarde terá o prazo de 120 dias para apresentar o lote de 40 veículos, sendo 36 ônibus alongados e quatro ônibus alongados com acessibilidade universal, adquirido por R$ 8.5 milhões.

Por não terem efetuado o depósito do valor total da outorga da permissão nem terem comparecido para assinar o contrato, cujo prazo final encerrou na última quarta-feira (18/06), a Coopersit que adquiriu um lote por R$ 11.1 milhões e a Cooperativa Alternativa, que conseguiu dois lotes por R$ 9.9 milhões cada, foram excluídas da licitação e serão submetidas às penalidades previstas em lei, tais como: multa, advertência, suspensão do direito de licitar e contratar com o DF, e cassação da permissão.

A Secretaria de Transportes vai chamar as empresas que concorreram à licitação e não venceram para se manifestarem sobre o interesse nos três lotes restantes. Será convocada a primeira subseqüente à última vencedora e assim por diante. A empresa interessada terá de pagar o valor ofertado pelas Cooperativas por cada lote. Caso nenhuma se habilite, haverá nova licitação.

O secretário de Transportes, Alberto Fraga, lamentou o descumprimento das obrigações por parte das Cooperativas. “Este tempo perdido será irreparável. Aí está a razão pela qual devemos valorizar a pré-qualificação”, diz Fraga referindo-se a uma modalidade anterior à licitação na qual é feita a seleção apenas de empresas idôneas.

A concorrência foi do tipo maior oferta e foram licitados quatro lotes compostos de 40 veículos cada. Os recursos arrecadados, cerca de R$ 39.4 milhões, vão para o Fundo de Transportes e só podem ser utilizados para investimentos na área.

Esta licitação foi para substituição de parte da frota vencida do sistema que não foi entregue em 21 de abril de 2007. O acordo entre o GDF e as 11 empresas de transporte coletivo do DF previa a substituição de 500 veículos.