domingo, 29 de maio de 2016

Plano de mobilidade no DF traz 80 ações ao custo de R$ 6 bi

24/05/2016 - G1 DF

Expansão do Metrô à região norte começa no ano que vem e vai até 2026. Pacote inclui bilhete único, mudança em linhas de ônibus e obras no BRT

Gabriel Luiz 

Rede de transporte público planejada pelo GDF
Rede de transporte público planejada pelo GDF
créditos: Agência Brasília/Divulgação

O governo do Distrito Federal anunciou nesta terça-feira (24) um programa com 80 ações no setor de mobilidade urbana, ao custo de R$ 6 bilhões, para tentar desafogar o trânsito nas vias da capital. Entre as medidas anunciadas está a expansão do Metrô para a região norte do Distrito Federal, que deve começar em junho de 2018 e ser concluída em maio de 2026.

Entre outras propostas, o projeto prevê implantação do bilhete único, readequação de oferta de linhas e horários de ônibus, e obras de infraestruturas no BRT e em rodovias. Dos R$ 6 bilhões previstos nas obras, R$ 254 milhões (4,2%) devem sair do caixa do GDF.

Os demais recursos devem vir de captação direta do GDF (R$ 135 milhões), de financiamentos (R$ 1,6 bilhão) e de repasses do governo federal (R$ 1,5 bilhão). O GDF também espera captar R$ 2,57 bilhões por meio de Parcerias Público-Privadas (PPP).

De acordo com o governador Rodrigo Rollemberg, grande parte dos empreendimentos será implementada graças a financiamentos da Caixa Econômica. “Depende muito mais de nós termos a capacidade e agilidade de implementar esses projetos que vão mudar a qualidade de vida em Brasília”, disse. Ao mesmo tempo, ele reconheceu que a maioria das ações só será concluída após o fim do mandato dele.

"É uma política de Estado. É nossa obrigação planejar o futuro do Distrito Federal. Isso é feito por técnicos com base na necessidade da população", continuou o governador. "Tenho convicção de que os próximos governos darão continuidade em função da importância que isso tem para o futuro e para a melhoria da qualidade de vida das diversas cidades de Brasília."

Segundo a pasta, o objetivo das medidas é priorizar o transporte coletivo e assim desafogar o trânsito no DF. Dados do GDF apontam que a média de ocupação de carros é de 1,7 pessoa por automóvel. Ao todo, 32% da população usam transporte coletivo, enquanto 45% recorrem a carros pessoais.

Pelos dados da Secretaria de Mobilidade, o DF conta com uma frota de 1,64 milhão de veículos, que cresceu 99,64% em dez anos. No mesmo período, a população aumentou 24,93%, afirmou a secretaria. Em 2015, havia 2,9 milhões de habitantes no DF, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o secretário de Mobilidade, Marcos Dantas, o plano anunciado nesta terça (24) vai “mudar o paradigma da mobilidade urbana do DF”. “Não se trata de mais um plano diretor, mas sim de ações concretas”, afirmou. “Estamos trabalhando para que o usuário de transporte pegue o ônibus de um lado e chegue do outro com menos tempo no trânsito e com mais conforto.”

Metrô, BRT, VLT e ciclovia

Com o fim das obras de expansão do Metrô e do Expresso Sul, a adoção do veículo leve sobre trilhos (VLT) e a estruturação da rede cicloviária, o GDF pretende integrar 277,18 km de rede de transporte público. Hoje, há 110,38 km de corredores exclusivos, faixas preferenciais e vias metroviárias.

Das 80 ações anunciadas pelo GDF nesta terça, apenas 34 (42,5%) envolvem a execução efetiva de obras. O restante se refere a realização de projetos (27 projetos, ou 33,7% do total) e melhorias na gestão, como rastreamento de ônibus em tempo real e sistema de wi-fi em ônibus e terminais (19 ações, ou 23,7% do total). Veja nesta página a lista de todas as ações anunciadas pelo governo do DF.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Reforma no BRT do DF custará ao menos R$ 230 milhões aos cofres públicos


05/04/2016  - Correio Braziliense

Leia: Após investimento de R$ 785 milhões, BRT é alvo de várias reclamações - Correio Braziliense

Apesar do investimento de R$ 761 milhões, falta muito para que a estrutura do Bus Rapid Transport (BRT) no Distrito Federal esteja completa e funcione como previsto no projeto inicial. O Expresso DF, como foi batizado o sistema, tinha como objetivo atender 150 mil passageiros por hora. Atualmente, esse número chega a 37 mil por dia. A Secretaria de Mobilidade da capital prevê ajustes e ampliação desse transporte, mas as adequações podem custar, pelo menos, mais R$ 230 milhões aos cofres públicos.

Uma das falhas que mais chamam a atenção de quem usa o sistema ou passa de carro pela Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) são as estações inutilizadas. Cada uma delas custou R$ 2,2 milhões aos cofres públicos. Das oito construídas, quatro estão abandonadas. Outra, na altura da Candangolândia, é considerada inacabada por parte da Secretaria de Mobilidade. Tanto nela quanto na estação Vargem Bonita, as estruturas acabaram vandalizadas. Grades e vidros se encontram quebrados. Os tapumes da primeira, que antes protegiam o lugar, foram retirados. A entrada no local, assim como os atos de vandalismo, são facilitados pela ausência de seguranças ou de câmeras de vigilância. Em uma das salas é possível ver os cabeamentos do sistema ainda não instalados.

A situação se repete em Vargem Bonita, no Park Way. As grades do local estão retorcidas e os vidros, quebrados. Em uma das salas, originalmente destinada ao acesso de funcionários, há um vazamento de água. A usuária do Expresso DF Lorena Alves, 19 anos, reclama da falta de utilização do espaço. Ela sai de Santa Maria e trabalha na Quadra 7 do Park Way, como secretária. O terminal Vargem Bonita atenderia a jovem, mas ela precisa descer na estação seguinte e andar cerca de 2km até o outro ponto.

“Faço o percurso de volta a pé. Essa situação é um total descaso com o dinheiro público. Poderiam, pelo menos, colocar um segurança para evitar a depredação”, detalhou. Ao passar pela passarela de acesso à estação Vargem Bonita, Josivaldo Francisco Nascimento, 26, também costuma observar o estado de abandono do local. “É lamentável ver que o nosso dinheiro está sendo desperdiçado dessa forma. A estrutura toda pronta e não colocam para funcionar logo. A população poderia usar isso, mas o que vemos hoje é essa destruição”, aponta.

Pela metade

O secretário de mobilidade do DF, Marcos Dantas, afirma que a localização das estações é um problema e que algumas não deveriam existir, pois não há demanda que justifique a construção. Ainda assim, o governo tem planos para que os pontos funcionem. “Vamos contratar vigilância e serviço de limpeza para fazer alguns ajustes, como cuidar da pintura e da luz. A ideia é colocar todos para operar, especialmente aqueles da região do Park Way, onde há uma demanda maior, ainda no segundo semestre deste ano.”

O abandono de estações, entre outros problemas, é apontado por Marcos Dantas como herança da forma como o governo anterior executou as obras. “Existem muitos erros de projeto. Um deles é a concepção do terminal de Santa Maria. Nós vamos redesenhá-lo para dar mais conforto à população.” O secretário adjunto, Fábio Ney Damasceno, explica que a adequação exige uma reforma dos locais.