A grande farsa

15/06/2015 - Correio Braziliense

EDITORIAL

A greve dos rodoviários em Brasília é uma guerra sem mocinhos ou bandidos. A cada paralisação, fica claro que trabalhadores e patrões estão do mesmo lado e usam a população como refém para fazer o Estado abrir os cofres. Nossas autoridades assistem às paralisações com uma revoltante indiferença, governo após governo, independentemente da ideologia de plantão no comando do Palácio do Buriti.

É impressionante a falta de ação do poder público nas greves dos rodoviários. Milhares de brasilienses ficam impedidos de se locomover e sofrem nos pontos de ônibus e nas rodoviárias à espera de qualquer veículo que possa levá-los ao trabalho.

Acabam se submetendo à ação inescrupulosa dos piratas, cada vez mais organizados e bem informados. E como toda atividade fora da lei, a pirataria cobra o que quer, agindo somente onde há lucro, sem ser incomodada pelos fiscais ou pela polícia.

Mesmo com o anúncio antecipado das greves, como a ocorrida na semana passada, não há um plano alternativo do governo para garantir o mínimo de transporte para a população. Aumentar o número de viagens do metrô e liberar as faixas exclusivas para os carros foram as poucas providências anunciadas.  O novíssimo BRT também ficou paralisado, mesmo sendo possível uma intervenção para manter alguns veículos trafegando.

A atuação do Ministério Público e da Justiça é lenta. As ameaças de multas e punições são ignoradas, provavelmente porque nunca ninguém é penalizado. Diante de tanta letargia das autoridades, resta ao brasiliense esperar o desenrolar das negociações e pagar caro aos piratas.

O transporte público é uma concessão do Estado e o governo tem obrigação de participar das conversas entre trabalhadores e empresas, cobrando com rigidez os compromissos assumidos pelas partes. O brasiliense já se submete a um péssimo serviço de ônibus e metrô e, nos últimos anos, vem sofrendo com greves e paralisações relâmpago cada vez mais frequentes. Os altos impostos e tarifas pagos pela população precisam ser retribuídos pelo governo: além da qualidade nos serviços públicos, é necessário mais ação e planejamento em situações como essa.

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