sábado, 23 de abril de 2011

Brasília: Melhorias no transporte custarão R$ 7,8 bilhões

23/04/2011 - Correio Braziliense, Luisa Medeiros

O Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade (PDTU), aprovado pela Câmara Legislativa, prevê obras que vão facilitar a circulação no DF

Um dos grandes desafios do governo é oferecer aos cidadãos brasilienses um transporte público de qualidade. Mas isso não basta. É preciso criar condições apropriadas para a circulação de pedestres, de motoristas e de ciclistas nas ruas do Distrito Federal e do Entorno. O Plano Diretor de Transporte Urbano e Mobilidade (PDTU), aprovado na última terça-feira na Câmara Legislativa, planeja intervenções viárias para os próximos 10 anos, numa tentativa de reduzir o caos no trânsito — refletido no aumento do número de engarrafamentos, na falta de vagas e nos acidentes — e de melhorar a vida da população.

Para saírem do papel, as obras, orçadas em R$ 7,8 bilhões, podem contar com ajuda do governo federal. Com a aprovação do PDTU, o GDF poderá ter acesso aos R$ 2,4 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade, do Ministério das Cidades. O projeto vai custear investimentos no setor de transporte de cidades com mais de 500 mil habitantes. A seleção das propostas será feita em maio e a divulgação, em junho. Se o GDF for contemplado, terá 30 meses para executar pelo menos um terço do plano, que define diretrizes e políticas estratégicas para a gestão dos transportes urbanos. “São medidas importantes, não só para este governo como para as próximas gestões. Se nada for feito até 2020, Brasília vai parar”, destacou, em entrevista ao Correio, o secretário de Transportes, José Valter Vasquez. A contrapartida do governo local é de R$ 425 milhões.

Integração

Um estudo consolidado em três mil páginas mapeou a situação do setor e sugeriu mudanças. As ideias foram adaptadas ao projeto do PDTU, de autoria do Executivo local, cujo texto recebeu 54 emendas de deputados. Dessas, 40 foram acatadas. O plano fundamenta-se na articulação dos vários tipos de meios de transporte, como os ônibus de menor e de maior capacidade, o metrô e o veículo leve sobre trilhos. O projeto elaborado mostra as obras necessárias nos quatro principais eixos de circulação do DF. O da região sul abrange o Gama, Santa Maria e o Plano Piloto. Já o eixo sudoeste inclui o Recanto das Emas e o Núcleo Bandeirantes. Na zona oeste, as intervenções serão feitas em Ceilândia, em Samambaia e em Águas Lindas de Goiás. Já o eixo norte abrange cidades como Sobradinho e Planaltina de Goiás.

Todos os eixos receberão corredores exclusivos para ônibus. Com isso, a meta é reduzir à metade o tempo das viagens. Ao lado do corredor, haverá vias para os carros e passarelas subterrâneas, além de áreas para facilitar a movimentação dos pedestres. A largura das vias não será alterada mas, em alguns trechos de alta velocidade, marginais serão construídas.

A Estrada Parque Taguatinga (EPTG), ainda em construção, terá corredores exclusivos para ônibus. O secretário José Valter Vasquez adiantou que as obras previstas no PDTU devem começar pela Linha Amarela, que é o eixo sul. Um grupo de linhas atenderá o deslocamento expresso, sem passar por dentro do Plano Piloto. Sairá de cidades como Gama, Santa Maria, Park Way e passará pela Estrada Parque Industria e Abastecimento (Epia), até o terminal da Asa Norte, que ainda não existe. A licitação deve ocorrer ainda no primeiro semestre deste ano e o prazo estimado da obra é de 18 meses. O custo será de R$ 761 milhões.

O sistema de transporte do DF ganhará 34 terminais de ônibus, que servirão para a integração e para a distribuição dos passageiros. Ao todo, 41 pontos de controle terão a mesma função, só que a estrutura será mais simples. Os ônibus que vierem das regiões administrativas e do Entorno não circularão no Plano Piloto, porque haverá linhas exclusivas.
Ônibus

O governo pretende licitar a compra de 1,9 mil novos ônibus para o sistema de transporte. O processo foi iniciado na gestão passada e está sob análise na Procuradoria-Geral do DF. Os veículos serão adaptados para os portadores de necessidades especiais e haverá uma pequena redução na atual frota, que tem 2,7 mil veículos. Será desenvolvida também uma política tarifária específica para os ônibus do DF e do Entorno. A bilhetagem eletrônica garantirá que o passageiro pague por apenas uma passagem.

O PDTU atenderá oito municípios de Goiás: Luziânia, Planaltina, Águas Lindas, Novo Gama, Cidade Ocidental, Valparaiso, Santo Antônio do Descoberto e Formosa. A expansão do metrô é outro ponto previsto no PDTU. A primeira etapa leva o metrô até o Hospital Regional da Asa Norte. A segunda etapa expande o transporte até o fim da linha de Ceilândia e de Samambaia. Na terceira e última etapa, o metrô deve chegar até o fim da Asa Norte. A construção da linha do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) também é citada no plano. O projeto é esperado para a Copa do Mundo de 2014.

Problema crônico

O deficit de vagas de estacionamento atinge todas as cidades do Distrito Federal, mas o problema é ainda mais grave na região central. Hoje, existem cerca de 15 mil vagas na área central de Brasília, mas a demanda é de 80 mil espaços de estacionamento. No ano passado, o GDF finalizou um projeto para a construção das vagas de subsolo. Mas a nova gestão suspendeu o processo por suspeita de irregularidade. Agora, a
Administração de Brasília vai elaborar novas análises para preparar o edital de licitação. O projeto prevê a participação da iniciativa privada.