Viplan é investigada por suspeita de ter enganado trabalhadores

Portal DFTV - 28 de setembro de 2010


Justiça do Trabalho pediu à PF ao MP investigar a Viplan que, junto com uma advogada, teria lesado trabalhadores. Valor dos acordos chegava a ser 40% menor do que os funcionários deveriam receber.

Quando o juiz Leador Machado começou a julgar ações trabalhistas de funcionários demitidos do Grupo Canhedo, ele notou algo estranho: os valores dos acordos eram muito abaixo do que trabalhadores tinham direito e advogada era sempre a mesma.
“[Eles] diziam para o trabalhador: você vai nesse advogado, entra com ação e somente na Justiça eu vou pagar seus direitos e liberar o seu seguro desemprego, seu fundo de garantia. Se não for por aqui, você vai passar dez anos sem receber e corre o risco de não receber. [Era] uma espécie de uma chantagem”, explica o juiz.

Na sentença, Machado diz houve conluio, um acordo entre duas partes para lesar uma terceira. No caso, o acordo seria entre a advogada e as empresas do Grupo Canhedo. Os prejudicados eram os trabalhadores que, com medo da demora para receber o dinheiro, aceitavam o acordo que a advogada oferecia. O valor dos acordos chegava a ser 40% menor do que os funcionários deveriam receber.

De 13 processos, o juiz conseguiu negar nove acordos. Um deles foi o de Antoniel Ferreira Silva, que trabalhou como cobrador da Viplan. Pelo acordo proposto pela advogada Edna Santana Góes ele iria receber apenas R$ 1000 mil, mas acabou ganhando R$ 4.600 mil.

“Quando eu fui no chefe da Viplan, ele pediu para eu descer pro jurídico. Chegou lá, o rapaz, o Cristiano me deu o cartão da Dra. Edna e lá na audiência ela não foi. Acabou que eu ganhei toda causa sem ela participar”, relata Antoniel, destacando que a advogada voltou a procurá-lo para cobrar os honorários. “Ela me ligou, nós fomos pro banco e lá ela pegou 30% desse dinheiro”, diz.
O juiz pediu que o caso seja investigado pelo Sindicato dos Rodoviários, Polícia Federal, Ministério Público do Trabalho e pela Ordem dos Advogados do Brasil.

“Isso afronta os princípios da OAB, isso é muito grave. E é lógico,diante dessa gravidade, a única coisa que a Ordem pode fazer é punir disciplinarmente o advogado a partir do momento que fique devidamente comprovado que houve esse tipo de comportamento, que não é um comportamento digno da advocacia”, avalia o secretário geral da OAB-DF, Lincoln de Oliveira.

O juiz Machado destaca que os trabalhadores têm que ter cuidado. “Havendo uma recisão de contrato, jamais procurar um advogado que tem uma ligação com a empresa, porque senão serão prejudicados”, afirma.

A reportagem do DFTV entrou em contato com a Viplan, mas a assessoria de imprensa do Grupo Canhedo informou que o presidente, Wagner Canhedo Filho, não vai comentar o assunto. Nós procuramos também a advogada Edna Santana Góes, que negou ser a advogada do caso.

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