SIA: Sem transporte público, economia fica prejudicada

 Reportagem - Bom Dia DF - 24/08/2010

O Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) é o lugar que mais arrecada ICMS no DF. O setor não tem zona eleitoral, mas abriga 80 mil trabalhadores e uma das queixas dessas pessoas é o transporte.
O Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) é uma cidade movida pelo trabalho: 56% do que o Distrito Federal arrecada com ICMS é gerado nesse local.

“Todo o setor de abastecimento de combustível sai do Setor de Indústria, por isso, também temos uma grande carga de ICMS. O setor de transporte de cargas também é agregado pelo nosso setor, além das grandes empresas que temos aqui”, afirma o presidente da Associação das Empresas do Setor de Indústria e Transporte de Carga Inflamável, Hélio Rodrigues Aveiro.

O SIA tem cinco mil empresas que empregam 80 mil pessoas. Cerca de 300 mil pessoas passam pelo setor todos os dias, mas não existe terminal de ônibus, nem acesso via metrô. De acordo com a DFTrans, 39 linhas de ônibus passam pelo SIA, todas vindas de outras cidades. Quem emprega reclama da dificuldade que os funcionários têm para chegar ao trabalho.

“No lugar de duas passagens, temos que pagar quatro para os funcionários. Isso eleva os nossos custos. Como as linhas não passam, as pessoas têm que se deslocar para a EPTG ou Estrutural”, diz o presidente da Feira dos Importados, Absalon Ferreira.

Um restaurante que funciona na feira tem 24 funcionários. Nos fins de semana, o dono tem que dobrar os gastos com passagens. “Transporte para as cidades satélites é muito difícil. Quem tem muitos funcionários sofre. Eles chegam atrasados e, nos fins de semana, têm que pegar dois ônibus”, relata o dono do estabelecimento, Ronilson de Oliveira.

Ele gastava quase R$ 4 mil com o transporte dos funcionários. Para reduzir as despesas, o comerciante comprou uma van. Assim, ele resolve também outro problema: “No dia que tiver greve, o transporte sai mais cedo e busca todo mundo”, fala Ronilson.

A qualidade do serviço de transporte é uma das principais dificuldades. O garçom Antônio Fernandes Duarte mora no Recanto das Emas. No sábado e no domingo, ele precisa sair mais cedo de casa para o trabalho. “Se passar um e você perder, demora 40 minutos ou mais para passar outro”, conta.

E os problemas de quem usa o transporte público não param por aí. “Aqui não tem parada de ônibus. A gente sabe que é um ponto porque tem um monte de gente junta”, fala um homem. “Não tem parada lá dentro da feira, então, acaba que todo mundo tem que descer na EPTG e ir andando até lá”, destaca o auxiliar administrativo Victor Fernando de Paula.

Não há zona eleitoral no SIA, mas quem trabalha ali diz que os problemas do transporte público devem ser lembrados na hora do voto. “É importante ter quem olhe para esse lado e coloque como prioridade”, opina o garçom Antônio.

“Vou buscar um candidato que tenha, naturalmente, a ideia de trazer para nós os benefícios que estamos buscando. Vamos ver a plataforma política dele. Contempla realmente ajudar o Setor de Indústria?”, afirma Hélio Rodrigues Aveiro, presidente da Associação de empresas do SIA.

Reportagem: Flávia Marsola
Imagens: Rafael Sobrinho
Produção: Stephanie Alves

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