sábado, 12 de junho de 2010

Rodoviários garantem que vão parar na segunda, mas com 60% da frota circulando




Mariana Sacramento
Noelle Oliveira - Correio Braziliense
Publicação: 12/06/2010 13:30 Atualização: 12/06/2010 13:39

Um milhão de brasilienses podem ser afetados pela greve dos rodoviários marcada para começar segunda-feira próxima. A promessa é de caos para o transporte no Distrito Federal. Sem ônibus, a expectativa é de filas no metrô, congestionamento intenso devido ao maior número de veículos nas ruas e prejuízo para a população. A Justiça determinou que 60% das linhas de ônibus circulem durante a paralisação. O sindicato que representa os trabalhadores recorreu à Justiça trabalhista para baixar esse percentual para 20%, mas perdeu e garante que vai cumprir a determinação. Caso a decisão, pedida pelos patrões, seja descumprida, a entidade pode desembolsar multa diária de R$ 100 mil.

Os trabalhadores decidiram cruzar os braços em assembleia realizada no último domingo. Às 14h de amanhã, os rodoviários se reúnem novamente. O sindicato da categoria alega que os empresários não tentaram um diálogo e que afirmam não ter nada a oferecer à categoria. Os patrões, por sua vez, mantêm o silêncio. “Ninguém nos procurou para qualquer tipo de diálogo. Mas, em anos anteriores, essa aproximação já ocorreu minutos antes da assembleia. Estamos esperando por isso”, afirmou o diretor do Sindicato dos Rodoviários Lúcio Lima. Segundo ele, não ocorrerão paralisações hoje e amanhã, a exemplo do que aconteceu na última quinta-feira. “Já na segunda, haverá greve, mas vamos manter a frota mínima que for determinada pela Justiça”, garantiu Lima.

A Secretaria de Transportes informou que ficará de olho na pirataria. Segundo a assessoria da pasta, cerca de 80 fiscais do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFtrans) estarão nas ruas para coibir o transporte ilegal de passageiros. Para minimizar os impactos da paralisação, a Companhia do Metropolitano (Metrô-DF) vai operar com a capacidade máxima. Os 19 trens farão viagens ao longo do dia. Além disso, será reforçado o número de vigilantes e operadores de manutenção das estações. A companhia também pediu ajuda à Polícia Militar para garantir a segurança dos passageiros. Cerca de 160 mil pessoas usam o sistema diariamente, número que deve aumentar na segunda.

Preocupação
A greve anunciada pelos rodoviários causa preocupação a quem depende do transporte público. A secretária-executiva Ana Paula Silva, 27 anos, que mora no Gama Leste e trabalha na Universidade Brasília (UnB), na Asa Norte, combinou com três amigos de irem para o trabalho no carro dela na segunda-feira. Cada um contribuirá com R$ 10, valor pago por eles nas quatro passagens de ônibus diárias. “Estamos com muito serviço acumulado por conta da greve que teve na universidade, não podemos deixar de ir trabalhar”, disse. Quem não tem a mesma opção, como o montador de móveis Esdras Mariano, 30 anos, morador de Santa Maria, preferiu deixar o chefe avisado. “Falei que se não tiver ônibus eu não vou”.

De acordo com o chefe da Fiscalização do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), Silvain Fonseca, normalmente 700 mil automóveis circulam nas vias de Brasília. “Esse número deverá aumentar em 20% com a greve”, acredita. Agentes do órgão estarão nas ruas para evitar conflitos nos pontos de maior congestionamento. Desde junho de 2008, os rodoviários não realizam uma greve geral no DF. À época , uma decisão judicial também previa que 60% das linhas circulasse, o que , segundo os empresários, não foi cumprido pelos empregados. Neste ano, os rodoviários solicitaram à Justiça que os empresários repassem ao sindicato um documento com os números referentes a horários de ônibus, escala de trabalho, veículos, linhas e frota.