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JORNAL ALÔ BRASÍLIA

09/08/09

A eterna novela dos micro-ônibus

Criados para resolver o problema do transporte público do DF, os micro-ônibus podem trazer prejuízos ao BRB e á população

Ceilândia, 6h30, paradas de ônibus lotadas. Quase uma hora depois, o cenário ainda é o mesmo. Para notar a agonia e a revolta dos passageiros que aguardam pelos micro-ônibus, basta observar por segundos, pois é explícito. Porém, situações como essa acontecem diariamente em diversos pontos da cidade. E as reclamações são diversas: falta de linhas, atrasos e mudança de itinerário. Para piorar, cooperativas de micro-ônibus se queixam das determinações do DFTrans e afasta veículos das ruas. Nesta semana, metade da frota da Cootarde se reuniu em frente a residência oficial do governador e reivindicaram o retorno de linhas rentáveis e mais segurança para os rodoviários. O suposto prejuízo nas viagens pode acarretar ainda um calote da cooperativa ao Banco de Brasília (BRB) que, sem dinheiro param pagar financiamento, podem deixar o banco na mão.

De acordo com o DFTrans, a cooperativa perdeu algumas linhas para restabelecer um equilíbrio econômico entre as outras cinco cooperativas responsáveis pelos 450 micro-ônibus do DF. No entanto, a Cootarde não engoliu a justificativa. “Nessa brincadeira perdemos milhares de passageiros. Estamos com 43 carros parados porque não temos linhas para explorar. Daqui a pouco não vamos ter condições nem de pagar os funcionários. Não queremos brigar, queremos apenas o retorno das linhas”, explicou a vice-presidente da Cootarde, Ana Anália de Souza.

O secretário de Transportes, Alberto Fraga, não aprovou a atitude da cooperativa e afirmou que a Cootarde deve apenas obedecer a demanda do sistema. “Readequamos os horários dos micro-ônibus para suprir a demanda de todos os locais”, explicou. Em relação à segurança, dentro de 60 dias os veículos deverão começar a receber às câmeras internas. Os micro-ônibus que circulam pelo Itapoã, Paranoá, Ceilândia e Samambaia serão os primeiros a serem equipados devido ao alto índice de violência nas regiões.

Um motorista de micro-ônibus que preferiu não ser identificado diz não acredita que o sistema poderá ficar mais eficaz com as mudanças. “A verdade é que os micro-ônibus não funcionam como deveriam funcionar. As vans pelo menos atendiam à todos. E o governo ainda fica vetando os locais mais movimentados. É difícil trabalhar assim”, avaliou. A passageira Marina Lemos, 22 anos, concordou. “Eles demoram uma eternidade para passar. Quando passam, sempre estão lotados. Além disso, muitos motoristas são mal educados”, reclamou.

Apreensão - Na semana anterior, a Justiça pediu a apreensão de 50 micro-ônibus da Cooperativa Brasiliense de Transportes e Construções (Cobrataete). Os veículos são responsáveis pelas linhas de Sobradinho e Paranoá. A decisão judicial foi a favor do Banco de Minas Gerais (BMG), que alegou o não recebimento do pagamento de parcelas do financiamento dos veículos.

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