quinta-feira, 30 de julho de 2009

Rápido Planaltina

Ônibus é incendiado em Planaltina de Goiás

Publicação: 30/07/2009 09:28 Atualização: 30/07/2009 09:40 - Correio Braziliense


Um ônibus da empresa Rápido Planaltina foi incendiado na manhã desta quinta-feira (30/7), por volta das 5h40, no Setor Itapoã, em Planaltina de Goiás. De acordo com a polícia, apenas o motorista e o cobrador estavam no veículo no momento do início do incêndio. Ninguém ficou ferido. O ato foi intencional e pode ter sido uma represália ao aumento recente no preço das passagens de transporte coletivo. A tarifa passou de R$ 4,05 a R$ 4,25. A taxa é considerada abusiva pelos moradores.Três homens são suspeitos de terem cometido o ato de depredação, mas nenhum foi identificado.

Segundo agentes do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) da cidade, esta não é a primeira manifestação. Desde o aumento das passagens, já houve outros ônibus depredados.

O aumento
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) autorizado reajuste de 6,211% para linhas do transporte semi-urbano na última sexta-feira (24/7). Segundo a ANTT, o reajuste é anual e ocorre na segunda quinzena de julho. No ano passado, o aumento foi de 8,19%.

O percentual autorizado varia de acordo com os índices de inflação setoriais, publicados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Agência Nacional do Petróleo (ANP) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Greve de Fome

Há cinco dias, o prefeito da Cidade José Olinto Neto está em greve de fome contra as tarifas cobradas pela Rápido Planaltina, única empresa que opera entre a cidade goiana e o Distrito Federal. Ele é acompanhamento por médico e está à base de soro.

O prefeito acusa de monopólio a empresa que tem a concessão da linha entre o município goiano e Brasília. A Rápido Planaltina acusa o prefeito de liderar uma manobra para beneficiar seu grupo político com a concessão da linha para Brasília. A ANTT informou que a empresa tem a concessão dada pelo Ministério dos Transportes anterior a 2002.

Administrador de Planaltina de Goiás deixa de comer para forçar queda no preço do ônibus

Lilian Tahan

Publicação: 30/07/2009 08:57 Atualização: 30/07/2009 09:03


Dias depois de ser o alvo numa ação civil pública que denuncia a prática de nepotismo em Planaltina de Goiás, o prefeito José Olinto Neto resolveu chamar a atenção por uma causa mais nobre do que a de empregar parentes na administração que comanda. Há cinco dias, o mandatário está em greve de fome contra as tarifas cobradas pela única empresa que opera entre a cidade goiana e o Distrito Federal. Desde a última segunda-feira, Zé Neto, como é conhecido na cidade, despacha sob a copa de uma árvore em frente à igreja católica do município e dorme numa barraca de lona montada ao lado do gabinete ao ar livre.

O prefeito, que está à base de soro, acusa de monopólio a empresa que tem a concessão da linha entre o município goiano e Brasília. A Rápido Planaltina, do Grupo Amaral, é a única firma autorizada a fazer a rota de 58km. Atualmente, a passagem cobrada pela companhia é de R$ 4,25, valor considerado abusivo pelos moradores da cidade. Eles reclamam da dificuldade em arrumar e manter emprego no Distrito Federal em função do alto custo do transporte. A cidade goiana vive basicamente do comércio e não consegue absorver nem um terço da população economicamente ativa da região. “Todos os dias, há pelo menos 40 pessoas sentadas na porta da minha casa esperando para pedir emprego. E o trabalho está em Brasília, só que com essa passagem ninguém consegue chegar até lá”, reclama o prefeito.

A fome do prefeito, no entanto, não é só por tarifas mais modestas. Zé Neto só vai ficar saciado quando conseguir da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) o direito de incluir uma cooperativa de motoristas incentivada pela prefeitura para operar no mesmo trecho hoje realizado exclusivamente pela Rápido Planaltina. A cooperativa possui uma frota de 40 ônibus, mas aguarda o sinal verde do governo federal para circular na rota interestadual.

Manobra
A Rápido Planaltina acusa o prefeito de liderar uma manobra para beneficiar seu grupo político com a concessão da linha para Brasília. “Está muito claro que ele quer nos tirar para colocar seu pessoal no lugar, o que é um absurdo porque nós temos o respaldo da lei”, diz o gerente de operação da empresa, Sebastião Rodrigues. Segundo a firma, 130 ônibus operam no trecho do município goiano até a Rodoviária do Plano Piloto. O gerente afirma que os veículos são bem conservados e que o preço segue o índice de correção estabelecido pelo governo. “Não vou dizer que é barato, mas as tarifas acompanham o percentual de correção oficial”, justifica Sebastião.

A ANTT (leia Para saber mais) informou ao Correio que a Rápido Planaltina tem a concessão dada pelo Ministério dos Transportes anterior a 2002, quando a agência passou a funcionar. Segundo o órgão fiscalizador, qualquer alteração desse contrato ocorrerá a partir de licitação pública, que escolherá — dentro de critérios oficiais — a empresa de ônibus para operar na linha Planaltina-Brasília. A ANTT afirma, no entanto, que não existe uma data prevista para a abertura da concorrência pública.

Memória
Acusado de nepotismo

Promotores de Justiça do Ministério Público de Goiás estão de olho no comportamento de José Olinto Neto, desde que ele assumiu a prefeitura de Planaltina de Goiás, em janeiro deste ano. O político é acusado numa ação civil pública de praticar nepotismo. Segundo investigação do MP, o prefeito é responsável pela contratação de 55 servidores fora dos pré-requisitos da boa administração. De acordo com a denúncia, Zé Neto emprega parentes próximos — uma filha e uma cunhada — em cargos comissionados da prefeitura.
José Neto não nega a iniciativa de empregar parentes e, em entrevista ao Correio no último dia 11, nem sequer considera a providência irregular. Segundo o prefeito, a filha merece o cargo na prefeitura. Mas, em função da pressão do MP, o prefeito decidiu afastar a funcionária, considerada por ele, “exemplar” no posto de tesoureira.(LT)

Para saber mais
Origem da ANTT

Criada em 2002, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) tem como missão fiscalizar e regular a prestação de serviços de transportes terrestres. É a instância do governo federal que estabelece normas e observa a rotina do transporte interestadual de pessoas e produtos. Entre as atribuições, a agência autoriza ou nega as concessões de linhas de ônibus.
Além das rotas de um estado para o outro, também estão sob a responsabilidade da ANTT as linhas interestaduais com características de semiurbanas, aquelas em que a distância não ultrapassa 75km. Esse é o caso de Planaltina de Goiás, que está a 58km da Rodoviária do Plano Piloto. (LT)